quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Desafio de Escrita - descreva um lugar

Faz um bom tempo que não escrevo. Por vezes tem sido difícil manter a disciplina e motivação para isso. Para tanto, resolvi me desafiar a escrever ao menos 1 vez por semana sobre os temas propostos acima. O desafio é diário, mas quero ir com calma e pretendo escrever semanalmente em vez de diariamente. Ou ao menos fazer dois textos por semana, mas aí vai depender do quanto eu conseguir me auto-motivar. Enfim, lanço aqui meu primeiro texto do desafio de escrita!
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1 - Descreva um lugar

A Fortaleza da Solidão

A Fortaleza da Solidão é, basicamente, o quartel-general do Superman, sendo o local onde guarda seus artefatos. Falarei aqui sobre meu quarto. Ao final deste texto você entenderá a relação.
Meu quarto é um lugar um tanto quanto peculiar. É nele onde guardo meus artefatos, embora nenhum seja exatamente de Krypton (ou será que sim?). Às vezes está arrumadinho, às vezes uma bagunça generalizada. Acho que isso reflete um pouco (ok, admito; muito) de mim. É possível achar um pouco de tudo nele: um carregador de celular pendurado na tomada, um cofre-gato onde guardo algumas de minhas poucas economias, um cachorro de pelúcia que ganhei de minha mãe há alguns anos, um Xbox One que é, por sinal, meu maior refúgio, vários livros não terminados, fones de ouvido e cadernos cheios de anotações e rabiscos. De vez em quando meu guarda-roupa fica levemente mais colorido, com alguns recados que colo pra mim mesma. Inclusive, neste momento, há um me lembrando de regar minhas plantas. Ah, a idade. Nos faz mudar nossas prioridades, não? Sabe como é, leitor, preciso anotar certas tarefas pra não esquecer. A essa altura, já não devia ser surpresa. Meu quarto é minha Fortaleza da Solidão, como a do Superman. Meus artefatos e minhas kriptonitas, minha força e minhas fraquezas escondem-se entre paredes bege e vermelhas chapiscadas que, embora machuquem quando forçadas, são o maior detalhe de mim: não me apertar/sufocar, ou também acabarei lhe machucando.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Ode aos quietos



Ei,
Tá tudo bem.
Não há problema algum em ser quieto, mesmo que a maioria te diga o contrário. E como dirão.
Não faz mal trocar a balada de sábado pelos filmes com pipoca debaixo das cobertas. É o seu jeito.
Aliás, tá tudo bem em não se sentir à vontade no meio de centenas de desconhecidos, ou até centenas de conhecidos, que seja, e preferir um jantar intimo com um pequeno grupo de amigos. Você não é menos que ninguém por isso.
Não tem problema preferir ouvir a falar, dizer algo apenas quanto tiver algo importante a dizer e não sentir necessidade de preencher "silêncios constrangedores", pois pra vocês eles são é confortáveis.
Eu sei, o mundo constantemente nos prega o oposto, que devemos gostar de falar e socializar o tempo todo. E eles não estão totalmente errados, pois é o jeito deles, mas tenha em mente que você também não está. Não estamos. É nossa personalidade quieta, introvertida, que nos faz ser assim.
E dane-se quem não entende ou procura entender. Danem-se aqueles que te acham antipático apenas por não querer conversar. Dane-se o mundo que, muitas vezes, não sabe a hora de parar de falar. Afinal, não é o silêncio que vale ouro?

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Meta de Relacionamento


Tarde de domingo. Você está ali, deitada em sua cama, entediada e, ao mesmo tempo, pensando na semana que está prestes a se iniciar. Então, resolve abrir o Instagram. Rola tela abaixo, curte algumas fotos, tudo numa repetição de movimentos praticamente fordista, e eis que descobre uma verdade um tanto quanto perturbadora: aquele casal famoso que você tanto admirava havia se separado. Poxa, mas eles eram tão felizes. Será?

Dia destes vi que uma conhecida havia postado foto com um rapaz desconhecido para mim. Ué, ela e o Marcos terminaram? Mas eles formavam um casal tão bonito, bacana e divertido, e estavam há tanto tempo juntos. Eram daqueles em que a gente meio que sente aquela invejinha branca, sabe? Meio comercial de margarina. Daqueles que poderiam muito bem colocar um #metaderelacionamento em cada foto que todos compraria a ideia (eu, inclusive).

Mas a coisa não é bem assim. Aquela foto perfeita de um casal feliz pode esconder intrigas que jamais serão escancaradas nas redes sociais. Aquela foto com a praia sendo pano de fundo e um sorriso libertador pode camuflar uma relação desgastada, cheia de ciúme, possessividade, controle e jogos psicológicos infindos. Aquele casal que você coloca como meta de relacionamento pode ser qualquer coisa, exceto perfeito. Aliás, ninguém é.

A verdadeira meta de relacionamento é aprender a dar valor a quem te fará sorrir muito mais do que chorar; te incentivará a ser alguém melhor; te apoiará em qualquer decisão, mesmo que ela não concorde; será seu/sua melhor amigo/a; te respeitará, acima de tudo. Não estou dizendo que não se pode admirar - ou até mesmo se inspirar, por que não? - em fotos bacanas de casais. O problema está em focar apenas nas poses e se esquecer do que é real. Afinal, somos todos perfeitos em nossa imperfeição, e relações deveriam ser uma consequência, e não um objetivo.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Aos quase 30


Aos 29 anos, posso dizer que:
Aprendi que é preferível me cuidar e ter uma pele boa a cobrir com quilos de maquiagem para mascarar imperfeições, mas caso esteja no clima para um visual mais ousado e elaborado, não há problema algum também.
Aprendi que não tenho tempo ou paciência sobrando para jogos emocionais ou de sedução. Quer? Vá atrás! Gostou? Demonstre. Ficou com vontade de ligar na mesma noite ou encontrá-la(o) novamente ainda na mesma semana? Então não perca tempo! Adiar a felicidade, mesmo que esta seja apenas uma faísca momentânea, por orgulho é egoísmo com seu próprio bem-estar.
Aprendi que de nada adianta ter um emprego em um lugar renomado ou com salário bom se a gente vive doente. E que também o reconhecimento só vem após muito trabalho, suor e sangue derramado.
Aprendi que se antigamente, na adolescência, era mal visto ter poucos amigos, hoje em dia é um privilégio ter aqueles poucos, mas fiéis, com quem contar.
Aprendi que a única forma de se livrar das relações tóxicas, sejam amizades, chefes, relacionamentos amorosos ou até familiares, é cortando o mal pela raiz. Não, as pessoas não vão mudar porque não se acham erradas. Elas repetem padrões que aprenderam ao longo dos anos e projetam suas inseguranças nos outros.
Aprendi que nem sempre o melhor é estar rodeado de muitas pessoas, mas sim ter as companhias certas e no momento certo.
Aprendi que deixar de amar por medo de sofrer é egoísmo. Sofrimento não é bom, mas nunca será tão ruim quanto a gente imagina. A vida passa e a dor também.
E, principalmente, aprendi aos quase 30 que mais do que aprender a ir em frente, sempre reto, é preciso saber lidar com os altos e baixos. Porque é isso a vida. A combinação de cada marca deixada por outras pessoas, cada cicatriz, conquista, fracasso e cada vez que a gente levanta novamente.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Faxina




Joguei fora meus calçados velhos, as roupas rasgadas demais para serem reaproveitadas e os sentimentos desgastados também. Passei um pano e livrei-me dos velhos maus hábitos, da sujeira e de tudo aquilo que me fazia mal e era tóxico.
Deixei de lado tudo o que me podava e permiti que minhas raízes e meus galhos crescessem novamente. Lustrei meu melhor sorriso e saí por aí. Abandonei as lágrimas e deixei somente a chuva escorrer em meu rosto. Dei-me uma chance de me abrir, me entregar, e até de me decepcionar novamente, por que não?
Queimei os papeis acumulados e adotei um novo papel em minha vida: o de me redescobrir e me reinventar sempre que possível e necessário. Fingi estar bem muitas vezes para não ter de encarar a realidade de que, na verdade, cumpria apenas o papel da existência, mas agora escreverei os novos capítulos.



Porque a vida é assim mesmo. A gente mantém aquilo que faz bem, mas também temos que nos livrar daquilo que não nos serve mais para dar lugar a coisas melhores. Não se encontra um emprego digno enquanto se está preso àquele chefe abusivo. Não se encontra aquela pizza maravilhosa enquanto continuar pedindo a mesma comida chinesa de sempre. Não se escreve uma história enquanto continuar batendo na mesma tecla.
O coração também é assim. Às vezes a gente passa tanto tempo reciclando os mesmos velhos sentimentos, tentando reaproveitá-los à exaustão, quando na verdade deveriam ir para o aterro. Temos aquela ideia de que não podemos desistir nunca, mas muitas vezes não é bem assim não. Acredite, desistir pode ser um ato de coragem e de amor-próprio. E se não fizermos uma limpeza de vez em quando, ficaremos iguais àqueles acumuladores dos reality shows, que fisgam-se ao passado e não conseguem desapegar. Não me levem a mal, mas acho que tanto o apego quanto o desapego têm seu lado bom, embora muito se pratique este segundo. O problema é quando o medo da novidade, do abandono e da felicidade nos travam, e aí vem a tal da estagnação.



Enfrentei meu medo de deixar as lembranças proporcionadas pelos objetos e objetivos velhos irem embora, quando na verdade elas já nem eram mais a prioridade da minha mente. Era eu quem insistia em mantê-las ali, presas. Eram eu quem continuava a caminhar reto quando deveria ter procurado atalhos. Era eu quem mantinha um círculo vicioso de apegos que já não me pertenciam mais. Mas a gente aprende. Um dia percebemos que é possível, sim, se desvencilhar e iniciar um novo ciclo. Pode até incomodar no início, mas nunca é tão ruim quanto imaginamos que seria. E desejo a você muitos e muitos novos ciclos, e que toda a pele morta de seus anseios seja esfoliada e renovada.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Pessoas sanguessugas



As sanguessugas são anelídeos capazes de, como o próprio nome já sugere, se alimentam do sangue de animais vertebrados para se manterem vivos. Porém, foi descoberta uma espécie nova destes animais, humana. Vamos falar sobre eles?
Com certeza você já viu uma pessoa sanguessuga. Ela pode vir de qualquer lugar e se travestir de namorado(a), cônjuge, parente, amigo(a), conhecido(a) ou até mesmo chefe. Estes parasitas podem sugar tudo o que há de mais precioso, como tempo, energia ou 
boa vontade. Podem ser revelados em diversas situações e faces:
- O amigo que vive desabafando e pedindo conselhos, mas que foge ao primeiro sinal de quando é você quem precisa de ajuda;
- O(a) ex-namorado(a)/ex-cônjuge que não superou o término e não aceita vê-la(o) seguindo bem a vida sem ele(a), tornando sua vida um inferno;
- Aquele parente ou conhecido que nunca aparece sequer para dizer um "olá", mas vive pedindo favor;
- O chefe que lhe atribui centenas de funções novas e que nada têm a ver com seu cargo original sem pagar um centavo a mais por isso;
- Aquela pessoa que vive pra baixo, acaba com sua energia para se sentir bem e não se importa se você ficará mal.

Como removê-las:

Para remover o animal de sua pele, é preciso localizar sua parte mais fina, a ventosa, e soltá-la com a unha. No caso das pessoas sanguessugas, o processo é um pouco mais complicado. Como já vimos, muitas vezes são pessoas de nosso convívio diário, e livrar-se delas pode não acontecer de uma hora pra outra. Elas estão tão acostumadas a conseguirem o que querem que receber um não pode ser um verdadeiro choque, mas é preciso ser forte.
- Aprenda a dizer NÃO. E esta dica vale para absolutamente tudo o que potencialmente lhe fará mal;
- Faça o que achar conveniente, e não o que esperam de você. Assim, será mais fácil atrair pessoas que gostarão de você pelo que realmente é, e não pelo que pode oferecer;
- Manter sempre o olhar atento. Como sanguessugas podem ser pessoas que você jamais esperaria, é sempre bom perceber como você se sente quando esta pessoa está por perto e comparar com os outros, que te fazem bem. Percebeu algo errado? Arranque-a pela ventosa!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Criança perdida


Perdi-me em mim.
Perdi-me em meu supermercado interior e ninguém chamou meu nome no rádio a fim de me buscar.
A inocência não é mais um padrão. De tanto foco em maturidade, apodreci. Minha espontaneidade deu lugar à proatividade. O "estar certo" passou a ser mais visado que o "estar em paz". Apatia espelhando-se na afasia.
Nunca fui o melhor. Nunca fui meu melhor; pelo menos não para mim. Um grito fantasiado de sussurro insiste em tentar escapar. Soco a parede para tentar aliviar essa sensação.
Acendo um charuto e ponho meu velho LP do Pink Floyd para rodar enquanto minha cabeça também gira. O som de querer que estivesse aqui, de duas almas perdidas nadando em um aquário ano após ano ecoa pela sala de estar.
Não há outra alma. Sou eu, e apenas eu mesmo. O tempo passa tão ligeiro diante dos olhos que mal percebi o quanto, e, pior ainda, o que exatamente deixei de lado. Esqueci-me de mim. Esqueci-me do quanto valho, de que sou a pessoa mais importante de minha vida. Esqueci-me de alimentar aquela criança que vive dentro de mim e nunca mais teve seu espaço.
Perdi-me em mim. Perdi-me em contratos, ternos, charutos, apertos de mão e sorrisos forçados.
Só queria poder te abraçar, mimar e dizer que sinto muito por ter me esquecido de você, de não ter alimentado sua ingenuidade e inocência. Sinto muito por ter me esquecido de você.
Esqueci-me de mim.